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Foto: gzorgz/Freepik
A psicanalista Fabiana Guntovitch comenta a necessidade de conscientização sobre os efeitos da menopausa
Em 18 de outubro é celebrado o Dia Mundial da Menopausa. Psicanalista e especialista em Comportamento, Fabiana Guntovitch destaca a urgência de conscientizar e informar as mulheres sobre essa fase inevitável da vida. Segundo ela, apenas no Brasil, mais de 29 milhões de mulheres estão na menopausa, com outros milhões no período que a antecede, chamado de perimenopausa. “Se pensarmos que todas as mulheres que não estão nessa fase, se não morrerem antes dos 40, passarão por isso, a conscientização se torna urgente, imprescindível e essencial”, afirma.
Por muitas décadas, a menopausa foi cercada por preconceitos e tabus, muitas vezes associados à perda de função reprodutiva em uma sociedade patriarcal. No entanto, como Fabiana aponta, essa visão está mudando. “Hoje, a mulher madura vem ocupando espaços e reconhecendo suas forças e potencialidades após os 40 anos”, ressalta a especialista, que enxerga o diálogo sobre o tema como algo vital. “Abordar esta fase da vida da mulher é atender necessidades importantes que abrangem não apenas a saúde física, mas também a mental, os relacionamentos e a qualidade de vida feminina”, aponta ela.
A menopausa pode causar grandes impactos no bem-estar emocional e psicológico das mulheres. Com base em estudos apresentados pela ginecologista e especialista em menopausa norte-americana Dra. Mary Claire Haver, e pela neurocientista ítalo-americana Dra. Lisa Mosconi, Fabiana explica que as flutuações hormonais podem desencadear sintomas como ansiedade, depressão, insônia, cansaço e falta de libido, afetando a percepção de si mesma e o prazer de viver. “É importante abordar essas questões com um olhar voltado não apenas para o físico, mas também para o aspecto psicoterapêutico, ajudando as mulheres a lidarem com essas mudanças”, observa.
Entre os principais desafios dessa fase estão as mudanças físicas, como ondas de calor, ganho de peso e alterações no sono. Além disso, o medo de envelhecer e a pressão social pela juventude podem abalar a autoestima. Fabiana destaca que é essencial ter acesso a informações que ajudem as mulheres a enfrentarem essa fase de maneira mais tranquila. “Se por um lado aceitar que envelhecer é inevitável, por outro, ter informações e acesso à ferramentas que nos permitam lidar melhor com esta fase, sem tanto impacto, sem normalizar os sintomas e nos abandonar no processo, é importantíssimo”, afirma a especialista, que reconhece a psicanálise como uma das ferramentas poderosas para ajudar as mulheres a lidarem com as mudanças emocionais e físicas da menopausa. “O processo terapêutico permite às mulheres explorarem como percebem o envelhecimento e as mudanças no corpo, ajudando a ressignificar esses desafios”, sinaliza.
Contar com uma rede de apoio emocional é fundamental durante a menopausa. Compartilhar experiências com amigos e familiares pode criar um espaço de empatia e validação. “Muitas vezes, os sintomas da menopausa são incompreendidos, e ter uma rede de apoio ajuda a mulher a se sentir acolhida”, afirma Fabiana.
Além de terapia, para cuidar da saúde mental, Fabiana sugere práticas como meditação, além de exercícios físicos regulares, como musculação, dança e caminhadas. Ela também ressalta a importância de uma alimentação equilibrada, rica em antioxidantes e alimentos anti-inflamatórios naturais, que pode impactar positivamente tanto a saúde física quanto a mental. “A Dra. Lisa Mosconi defende o poder da alimentação no cuidado mental”, aponta ela, baseada em estudos frequentes.
A menopausa ainda pode abalar a autoestima devido às mudanças físicas visíveis, como o envelhecimento da pele e o ganho de peso. Fabiana sugere que o autoconhecimento e a autocompaixão são essenciais para resgatar a autoestima. “Aceitar o corpo como ele é e celebrar sua força é uma maneira de reforçar o amor-próprio”, aconselha a psicanalista, que reforça que a conscientização sobre a menopausa é essencial para que as mulheres enfrentem essa fase com mais equilíbrio e menos sofrimento. Informar-se, adotar práticas de autocuidado e buscar apoio emocional são passos importantes para manter a saúde física e mental em dia. “Informação e acolhimento são o caminho para o empoderamento das mulheres maduras”, conclui Fabiana.