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Foto: Reprodução/Vittude
Entenda os desafios e tratamentos da síndrome de Borderline; psicóloga explica quais são as implicações e sintomas
O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é um transtorno mental que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo. Caracterizado por um padrão de instabilidade contínua no humor, o Borderline representa um verdadeiro quebra-cabeça para profissionais da saúde mental que buscam compreender suas origens e oferecer tratamentos eficazes.
O Transtorno de Borderline é um dos transtornos mentais mais desafiadores e complexos, segundo uma estimativa da Associação Brasileira de Psiquiatria, 10% dos pacientes diagnosticados no Brasil cometem suicídio. Marcado por variações contínuas no humor, comportamento, autoimagem e funcionamento, a síndrome é frequentemente subdiagnosticada, dificultando o acesso ao tratamento adequado.
Segundo a psicóloga e especialista em Psicologia Clínica pela PUC de SP, Vanessa Gebrim, o Transtorno de Personalidade Borderline engloba diversos sintomas, dando destaque às mudanças emocionais repentinas “Os sintomas mais comuns englobam instabilidade emocional, sensação de inutilidade, insegurança, impulsividade e relações sociais prejudicadas, sentimento de vazio, angústia de abandono e pensamentos suicidas”, disse a psicóloga.
Entenda os desafios e tratamentos da síndrome de Borderline
A Síndrome de Borderline é muitas vezes mal interpretada, o que dificulta o tratamento adequado. “Um psiquiatra ou psicólogo pode diagnosticar o transtorno com base em uma entrevista completa e um exame médico abrangente. A análise clínica pode ajudar a descartar outras possíveis doenças e transtornos. Infelizmente, a Síndrome de Borderline é muitas vezes sub-diagnosticada ou mal diagnosticada”, destacou Vanessa.
Quanto às causas do TPB, Vanessa Gebrim explicou que ainda não estão totalmente claras. “O transtorno pode ocorrer devido a predisposição genética. No entanto, experiências emocionais fortes enquanto criança, como enfrentar uma doença ou morte, abuso psicológico, sexual, negligência, terror psicológico, físico, separação dos pais ou orfandade podem levar ao desenvolvimento do transtorno”, disse.
Uma das principais consequências do Borderline é o impacto nas relações interpessoais. “Os indivíduos com TPB costumam desenvolver relações intensas e instáveis com familiares, amigos e entes queridos, muitas vezes passando de extrema proximidade e amor (idealização) a extrema fúria ou ódio (desvalorização). Possuem um humor intenso e altamente variável, com cada episódio durando de algumas horas a alguns dias. E possuem alta sensibilidade à rejeição, onde pequenas rejeições provocam grandes tempestades emocionais”, destaca.
Em relação ao tratamento, é importante uma abordagem multidisciplinar. “O tratamento é realizado com o uso de medicamentos antidepressivos, estabilizadores de humor e calmantes indicados pelo médico psiquiatra. Em alguns casos, a internação pode ser necessária. Além do tratamento com remédios, é necessário manter acompanhamento psicológico para realizar psicoterapia e ajudar o indivíduo a controlar suas emoções negativas, como saber enfrentar momentos de maior estresse”, enfatizou Vanessa Gebrim.
Quanto à possibilidade de cura, a psicóloga esclareceu que o TPB não tem cura, mas pode ser tratado com sucesso. “Os psicólogos e psiquiatras desempenham um papel fundamental para que os pacientes controlem seus impulsos e emoções, elevando sua qualidade de vida e prevenindo situações mais severas, como os pensamentos suicidas”, afirmou.
Também é importante ficar alerta sobre possíveis complicações associadas ao TPB: “Não é raro que o Borderline desenvolva transtorno bipolar, depressão, transtornos alimentares (em especial a bulimia), estresse pós-traumático, déficit de atenção/hiperatividade e transtorno por abuso de substâncias, entre outros”, revela.
Por fim, é essencial o apoio da família e amigos durante o tratamento. “Incentivar a pessoa a buscar ajuda nem sempre é fácil e, muitas vezes, a família precisa levar o Borderline às sessões e participar da terapia, para saber administrar os conflitos. É importante que os familiares e amigos saibam que o tratamento funciona, ainda que leve tempo. O apoio deles é fundamental durante o processo”, concluiu a psicóloga.