Por Walnei Arenque
Vivemos em uma época em que a felicidade se tornou um bem de consumo, algo que podemos adquirir com um clique, uma compra ou uma postagem. É quase como se a felicidade estivesse em promoção, e nós, consumidores ávidos, fôssemos atraídos por cada nova oferta que prometesse nos conduzir à terra da alegria eterna. Mas, sinceramente, será que estamos comprando a coisa certa? A cada dia, somos bombardeados com a ideia de que um novo carro, a última moda ou até mesmo uma viagem a lugares exóticos são sinônimos de felicidade. A verdade é que, ao olharmos para nossas vidas, percebemos que muitas vezes essas aquisições nos trazem apenas uma satisfação momentânea, como um doce que derrete na boca, mas logo deixa um gosto amargo de insatisfação.
E, claro, não podemos esquecer das redes sociais, o verdadeiro espetáculo da felicidade fabricada. Ah, sim, quem nunca se deparou com aquela foto perfeita de alguém em uma praia paradisíaca, um jantar romântico ou um cachorro tão adorável que parece ter saído diretamente de um comercial? Enquanto isso, nós, meros mortais, estamos tentando descobrir se devemos comer a pizza fria do dia anterior ou cozinhar algo que, no fundo, nem sabemos se vai dar certo. A pressão para parecer sempre feliz é tão intensa que, em vez de buscar momentos genuínos de alegria, acabamos criando uma versão de nós mesmos que está sempre sorrindo, mesmo que por dentro estejamos lidando com o caos da vida cotidiana. Afinal, quem precisa de terapia quando se pode simplesmente postar uma selfie com um sorriso radiante?
O verdadeiro dilema, no entanto, reside no fato de que a felicidade não é algo que podemos capturar em uma imagem ou garantir com um clique. Ela frequentemente se esconde nas pequenas coisas: uma conversa sincera com um amigo, o conforto de um cobertor em um dia frio ou a satisfação de uma refeição caseira que, por acaso, não queimou. Portanto, ao invés de nos perdermos em uma busca incessante por um ideal inatingível, quem sabe devêssemos simplesmente nos permitir desfrutar das imperfeições da vida? Afinal, a felicidade pode estar, na verdade, em aceitar que não precisamos ser felizes o tempo todo, mas sim encontrar alegria nas nuances do cotidiano. E, se tudo mais falhar, sempre podemos rir das nossas tentativas falhas de ser felizes, porque, convenhamos, essa talvez seja a maior alegria de todas.
Psicóloga Walnei Arenque
Com 35 anos de experiência, dedicada a ajudar meus pacientes a enfrentar desafios emocionais e psicológicos. Minha abordagem é marcada pela responsabilidade, empatia e profundo engajamento em cada caso.
Sou psicanalista, com apoio a pacientes em estados depressivos graves, relacionamentos abusivos, problemas com ciúmes retroativos e de casais que planejam realizar inseminação artificial. Meu papel não é guiar a sua jornada, mas ajudar você a enxergar novos caminhos e ser sua própria bússola.
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