Por Walnei Arenque
O Brasil enfrenta uma crise alarmante de violência de gênero, evidenciada pelos dados sobre feminicídio que revelam uma realidade devastadora. Em 2023, o país registrou 1.463 casos de feminicídio, o que representa um aumento de 1,6% em relação ao ano anterior. Este número, que equivale a aproximadamente um assassinato a cada seis horas, é o maior já registrado desde a tipificação do crime em 2015, quando a lei foi criada para combater a violência extrema contra mulheres.
Entre 2015 e 2023, quase 10,7 mil mulheres perderam a vida de forma brutal, apenas por serem mulheres. Esses números não são meros dados estatísticos; eles representam histórias interrompidas, famílias destruídas e comunidades marcadas pela dor. O feminicídio é a manifestação mais extrema da violência de gênero, que se alimenta de um contexto social permeado por desigualdades e discriminação.
As taxas de feminicídio variam significativamente de estado para estado. Mato Grosso destaca-se como o estado com a maior taxa, com 2,5 mortes por 100 mil mulheres. Acre, Rondônia e Tocantins seguem de perto, com 2,4 mortes por 100 mil. Por outro lado, o Ceará apresenta a menor taxa, 0,9 por 100 mil, mas isso deve ser analisado com cautela, já que a subnotificação é uma realidade preocupante. Em 2022, dos 264 homicídios de mulheres registrados no estado, apenas 28 foram tipificados como feminicídio, indicando que muitos casos de violência não estão sendo reconhecidos como tal pelas autoridades.
O perfil das vítimas de feminicídio é alarmantemente jovem. A maioria das mulheres assassinadas tem entre 18 e 44 anos, refletindo uma vulnerabilidade que exige atenção especial. Além disso, é importante notar que a violência de gênero atinge desproporcionalmente mulheres negras e pardas, que representam 61,1% das vítimas. Isso evidencia a interseccionalidade da opressão, onde raça, classe e gênero se entrelaçam para criar realidades ainda mais difíceis para essas mulheres.
A maioria dos feminicídios é cometida por parceiros ou ex-parceiros íntimos. Isso revela a necessidade urgente de intervenções em relacionamentos abusivos, bem como a importância de criar redes de apoio que possam proporcionar segurança e recursos para as vítimas. A educação e a conscientização da sociedade sobre a violência de gênero são fundamentais para mudar atitudes e comportamentos que perpetuam essa cultura de violência.
Ainda que o Brasil tenha implementado legislações importantes, como a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, a eficácia dessas leis depende da sua implementação e do comprometimento das autoridades em garantir a proteção das mulheres. O desafio é ainda maior em um contexto onde a violência de gênero é muitas vezes minimizada ou ignorada.
Portanto, é imprescindível que a sociedade se mobilize em torno da causa da violência contra a mulher. Campanhas de conscientização e educação, aliadas a políticas públicas eficazes, são essenciais para enfrentar essa realidade. A luta contra o feminicídio não pode ser apenas uma questão de números, mas uma busca por justiça, dignidade e igualdade para todas as mulheres.
Se você ou alguém que você conhece está enfrentando situações de violência de gênero, é fundamental buscar ajuda. Aqui estão algumas opções de onde pedir apoio no Brasil:
1. Disque 180: Este é o número da Central de Atendimento à Mulher, que oferece apoio, orientação e informações sobre os direitos das mulheres em situação de violência. O atendimento é feito por profissionais treinados e é gratuito.
2. Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM): Você pode procurar a DEAM mais próxima, onde policiais capacitados atendem e acolhem mulheres em situação de violência.
3. Centro de Referência de Atendimento à Mulher: Muitas cidades possuem centros que oferecem apoio psicológico, jurídico e social às mulheres vítimas de violência.
4. Serviço de Acolhimento: Algumas organizações não governamentais (ONGs) oferecem serviços de acolhimento e apoio, como assistência psicológica e jurídica. Pesquisar por ONGs locais pode ser útil.
5. Hospital e Unidades de Saúde: Caso haja necessidade de atendimento médico, os hospitais e unidades de saúde são obrigados a notificar casos de violência e oferecer suporte.
6. Cartilha de Direitos: Muitos estados e municípios possuem cartilhas informativas sobre os direitos das mulheres e os serviços disponíveis. Consulte a Secretaria de Políticas para as Mulheres da sua região.
7. Redes sociais e grupos comunitários: Participar de grupos de apoio online ou comunitários pode ser uma forma de obter informações e suporte de outras mulheres que passaram por situações semelhantes.
A mudança começa com a conscientização, mas exige ação coletiva para que possamos construir um futuro onde a violência de gênero seja finalmente erradicada.
Psicóloga Walnei Arenque
Com 35 anos de experiência, dedicada a ajudar meus pacientes a enfrentar desafios emocionais e psicológicos. Minha abordagem é marcada pela responsabilidade, empatia e profundo engajamento em cada caso.
Sou psicanalista, com apoio a pacientes em estados depressivos graves, relacionamentos abusivos, problemas com ciúmes retroativos e de casais que planejam realizar inseminação artificial. Meu papel não é guiar a sua jornada, mas ajudar você a enxergar novos caminhos e ser sua própria bússola.
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