• 5 de novembro de 2024

Gratuito: Laerte Késsimos comemora 20 anos de carreira com o solo “Ser José Leonilson”, no Teatro Alfredo Mesquita

Foto: Lenise Pinheiro

Em cena, o ator apresenta seu inventário pessoal sobre a vida e a obra do artista cearense José Leonilson. O trabalho traz à tona temas como identidade, masculinidade e a desestigmatização das pessoas que vivem com HIV

 

Em 2024, Laerte Késsimos completa 20 anos de carreira como ator e faz nova temporada de seu monólogo Ser José Leonilson, em que costura a sua própria trajetória com a vida e a obra do artista plástico cearense José Leonilson, morto em 1993, vítima da Aids. A nova temporada da peça estreia no Teatro Alfredo Mesquita, dos dias 26 a 28 de julho.

Elaborado a partir dos depoimentos (biográficos e artísticos) do artista plástico brasileiro e registros sonoros feitos pelo próprio Laerte durante o processo de criação e pesquisa, o espetáculo traz à tona temas importantes da atualidade como identidade, a questão da masculinidade em nossa sociedade e a desestigmatização das pessoas que vivem com HIV.

Em cena, Laerte alinhava um tecido diante do público unindo as inquietações dos dois artistas: a feitura artística como um autorretrato, a casa de infância como um ambiente de domesticação, a sexualidade como campo de batalha, as pontes amorosas como uma travessia e a doença como uma reconciliação com nossa finitude.

Aproximando-se de forma direta da obra de Leonilson, o próprio processo de investigação de Laerte, os vestígios da criação, os áudios que dão dimensão histórica ao cotidiano criativo são, eles próprios, a obra. Um bordado em que frente e verso são compartilhados publicamente – suas amarras, cortes, sobras de linha, correções, imperfeições, pontos e nós.

O espetáculo é um monólogo que mistura artes visuais (projeções em vídeo), narração de histórias (a transposição para o palco de relatos biográficos gravados durante o processo) e documentário (a vida e obra de Leonilson) se misturam em um ateliê de costura que é também um palco.

Laerte Késsimos expõe não só a sua biografia (em relatos íntimos gravados e reencenados diante do público), mas também seus quadros, bordados e criações audiovisuais – operando, narrando e expondo suas criações ao vivo. Trata-se, portanto, de um evento biográfico e multimídia que tenta unir elementos do próprio teatro, das artes plásticas e do vídeo. Esse trânsito sem fronteiras entre o relato pessoal e a criação artística traz para o palco questionamentos urgentes: como uma obra de arte tão pessoal pode servir a uma discussão pública? Como a exposição sem pudores de uma intimidade pode ser um ato revolucionário em meio à falência social?

Assim como a obra de Leonilson não pode ser desassociada da vida do artista, por expressar sempre o caráter confessional de um diário íntimo, a encenação coloca, em primeiro plano, o duplo Laerte/Leonilson – uma ponte entre a vida e obra do artista morto em 1993 à vida e presente obra do sujeito artístico Laerte Késsimos, e as coincidências e dissonâncias entre as obras e vidas dos dois artistas.

Referencias íntimas e cotidianas sustentam o diálogo com o público – resultado do desejo íntimo de Laerte Késsimos em jogar o jogo favorito de Leonilson – a intersecção entre ficção e realidade; entre o íntimo e o público; entre o diário e a afirmação política; entre o bordado real e a descrição de uma paisagem; entre a biografia de Laerte e os bordados de Leonilson.

Serviço:
Ser José Leonilson, com Laerte Késsimos
Classificação: 16 anos
Duração: 95 minutos
Gratuito
Teatro Alfredo Mesquita
Endereço: Av. Santos Dumont, 1770, Santana
Datas: 26, 27 e 28 de julho de 2024
Horários: sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 19h
No domingo haverá tradução em libras e bate-papo com o público ao final do espetáculo.

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