Netflix lança o trailer oficial do volume 2 de The Witcher – Temporada 3
Imagens: Reprodução/Internet
Artigo escrito pelo Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, Dimas Ramalho
Chuvas apocalípticas no Rio Grande do Sul, secas extremas no Pantanal e na Amazônia, inundações recordes em países da Ásia e da Europa, ondas de calor mortíferas nos quatro cantos do mundo. São gritantes os sinais de que algo está profundamente errado no clima planetário.
Essa percepção, hoje, é mais clara do que nunca, como mostram duas recentes pesquisas de opinião sobre o assunto. De acordo com um levantamento do Instituto Datafolha, nada menos que 97% dos brasileiros afirmam perceber no dia a dia que o planeta vem passando por mudanças climáticas. Outra pesquisa, essa de âmbito mundial e capitaneada pela ONU, mostra que, dentre 77 países pesquisados, o Brasil é o sétimo em termos de preocupação com o clima.
Nem todo mundo entende, porém, que por trás desse fenômeno alarmante está a mão do homem. Após décadas de estudos e medições, não resta dúvida de que a causa do aquecimento global são os gases do efeito estufa emitidos por seres humanos, a maior parte deles proveniente da queima de petróleo e seus derivados.
Com a elevação da temperatura média do globo, tornam-se mais frequentes os chamados eventos climáticos extremos, com consequências tremendas para as populações humanas e os ecossistemas naturais. Segundo a pesquisa Datafolha, 77% da população brasileira vivenciou recentemente algum evento desse tipo.
A tragédia que atingiu boa parte do Rio Grande do Sul entre o fim de abril e o início de maio se encaixa nessa categoria. Centenas de municípios receberam em dias o volume de chuva de meses. Em Caxias do Sul, por exemplo, o acumulado de maio foi nada menos que seis vezes a média histórica. O rio Taquari, que corta parte do estado, subiu inacreditáveis 14 metros, deixando as cidades no caminho literalmente submersas. As águas do Guaíba invadiram Porto Alegre e uma parte considerável da capital ficou alagada por semanas.
Os números finais correspondem a um cenário que é difícil não descrever como sendo de guerra: mais de 2 milhões de pessoas afetadas; 600 mil desabrigados; ao menos 170 mortos e 80 desaparecidos.
Já o Pantanal vive o drama inverso. O bioma, conhecido por ser a mais vasta planície alagada do planeta, vem sendo castigado por uma estiagem drástica. Para dar uma ideia da grandeza do problema, basta dizer que o rio Paraguai, o principal da região, atingiu o nível mais baixo em 60 anos. Piora tudo o fato de que, com a seca, vem o fogo. O mês de junho registrou o maior número de focos de queimadas desde 1998, quando se iniciaram os registros.
Aqui, novamente, aparece a mão humana. Segundo especialistas, esses incêndios nada têm de naturais. A quase totalidade deles decorre de ações intencionais, como a limpeza de pastos ou a queima de algum material, que terminam saindo do controle e se alastram pelos campos ressequidos.
Por mais que os efeitos da mudança climática venham ficando cada dia mais evidentes no planeta, enfrentar as suas causas tem-se mostrado uma tarefa imensamente complexa. A principal razão é que reduzir drasticamente as emissões de gases do efeito estufa implica uma mudança radical na matriz energética global, ainda amplamente baseada no petróleo.
Nessa verdadeira corrida contra o tempo, o Brasil desponta de maneira singular. Por aqui, as principais fontes de poluição não provêm, como nas outras grandes economias do mundo, de atividades industriais e da queima de combustíveis fósseis, mas do desmatamento.
A floresta derrubada libera na atmosfera todo o carbono armazenado na madeira, nas folhas e nas raízes quando é queimada ou apodrece sobre o solo. Já a atividade pecuária, além de relevante indutor do desmatamento na Amazônia, libera, por meio da digestão dos ruminantes, o metano, um dos gases que mais potencializam o efeito estufa.
Essa circunstância confere ao Brasil uma vantagem comparativa no necessário e inadiável esforço mundial de redução das emissões. Em outras palavras, basta controlar o desmatamento e recuperar as pastagens degradadas para que a contribuição nacional à emergência climática despenque.
Há uma certa banda do agronegócio, entretanto, que ainda pensa com a cabeça do passado. Valendo-se de uma lógica predatória, defendem que o desmate é necessário para expandir plantações e pastos. Isso, porém, não passa de um mito. A verdade é que não existe incompatibilidade entre o combate ao aquecimento global e a produção agropecuária. A mudança climática, na verdade, é o grande vilão do agro, pois vem alterando os padrões de chuvas e impactando diretamente o resultado das safras.
Hoje, felizmente, boa parte dos produtores já entendeu isso, e vêm investindo no aumento da produtividade no campo e ampliando a chamada agricultura de baixo carbono. Um agronegócio com consciência ambiental combinado a um combate firme do desmatamento por parte dos governos forma uma aliança poderosa, que beneficiará o Brasil e o mundo.