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Foto histórica na época da inauguração do Mirante de Santana – Crédito: Arquivo Inmet
Publicado na edição 51 da Revista ZN, em junho de 2004, este artigo foi escrito pelo saudoso advogado e historiador Enzo Luiz Bertolini, na época colunista da revista
Falar, escrever ou contar a história do Mirante de Santana é sempre muito interessante e provoca muitas saudades. Lembrar a nossa infância, um passado que deu muita alegria e horas de lazer a todos aqueles que tiveram oportunidades de usufruir momentos de prazer e de descontração, já se vão algumas décadas.
Porque Mirante de Santana?
Chama-se Mirante por tratar-se do ponto mais alto da cidade, localizando-se a mais de mil metros de altitude do nível do mar. No século XVII as forças armadas imperiais mantinham soldados com lunetas observando a Serra do Mar – o que é impossível atualmente mesmo em dias claros – como proteção de possível invasão estrangeira em nossa cidade. Na revolução constitucionalista de 1932, foi ponto estratégico para os paulistas, que metralhavam os famosos inimigos “vermelhinhos”.
O Mirante era ponto obrigatório de encontro dos santanenses. Local ideal para pic-nics dos paulistanos e também para românticos namorados. A sua altitude proporcionava e ainda faz descortinar uma visão panorâmica da cidade de São Paulo, observando em primeiro plano o nosso glorioso e esquecido Rio Tietê, o Campo de Marte e ao horizonte a nossa grande Paulicéia como uma verdadeira floresta de arranha céus, o que a torna uma das maiores cidades do mundo. O luar e a visão noturna inspiravam muitos poetas e escritores com seus versos e suas crônicas.
Foto atual – Reperodução/Tripadvisor.com.br
O Mirante é uma das estações meteorológicas brasileiras de superfície e a primeira de reconhecimento nacional, para medição de temperatura, umidade do ar, vento, visibilidade, pressão etc., desde 1943.
Com altitude que lhe propiciava ótima qualidade de ar, era recomendada pelos médicos pediatras, aos pais cujos filhos sofriam com a coqueluche (tosse comprida) para respirarem o ar da manhã, que ajudava na cura.
Importante é destacar a lei que transformou o Mirante em um dos pontos mais nobres de Santana e da Zona Norte, onde grandes mansões foram construídas, embelezando ainda mais seu “platô”. Essa transformação se processou graças a doação efetuada pela família Siciliano, através da lei promulgada pelo prefeito Pires do Rio, abaixo transcrita:
“Lei nº 3368, de 20 de setembro de 1929.
Autoriza a Prefeitura a receber do Conde Alexandre Siciliano Jr., Dr. Paulo Siciliano e outros, diversas áreas de terreno que constituem seis ruas, oito praças e sete vilas, abertas no alto de Sant’Ana.
J. Pires do Rio, Prefeito do Município de São Paulo:
Faço saber que a Câmara, em sessão de 17 de agosto findo, decretou e eu promulgo a seguinte lei:
Art. 1º – Fica a Prefeitura autorizada a receber, na forma da lei, do Conde Alexandre Siciliano Jr., dr. Paulo Siciliano, Barão Dr. Jayme Luiz Smith de Vasconcellos e Dr. José Mariano Carneiro da Cunha, para serem incorporadas ao domínio público do Município, e entregues ao uso comum do povo, as áreas de terreno que constituem as seis ruas, oito praças e sete vilas constantes da planta anexa, que fica fazendo parte integrante desta lei, conforme arruamento feito pela Companhia Mecânica e Importadora de São Paulo.
Infelizmente o Mirante não mais representa esse ponto tão encantado do passado. É necessário que as autoridades dêem mais atenção à sua reabilitação, quer em relação a restauração, conservação, proteção, policiamento etc… Quem sabe assim, poderemos ter o Mirante de Santana, novamente, como ponto turístico… Quando? Quem sabe?
Artigo de Enzo Luiz Bertolini
Advogado e historiador