• 5 de novembro de 2024

Os desafios da inteligência artificial para a cidadania – parte 3

Foto: Reprodução/Internet

 

Nesta parte do tema, adotaremos uma abordagem diferente. Vamos utilizar a maiêutica, método socrático de dialética, para atingirmos o âmago do problema da relação entre ser humano e tecnologia. Afinal, o ser humano é obrigado a seguir a tecnologia?

Resposta: Não necessariamente. O ser humano pode seguir o caminho do desenvolvimento tecnológico ou não. Tudo depende de seus valores, de sua base moral e, não podemos olvidar, da ética.

Por que isto depende de seus valores, de sua base moral e da ética?

Resposta: Ora, são elementos do que constitui o juízo de valor do indivíduo. Se seguir o caminho disruptivo da tecnologia é uma opção do indivíduo, dependerá do que ele considera como bom ou mal?

Como assim, seguir o caminho da tecnologia pode ser bom ou mal?

Resposta: Sim. Como dito, isto dependerá do que a pessoa entende que atingirá o bem-supremo, que, para Aristóteles, era a felicidade. Analisando se seguir o caminho tecnológico é o que pode ou não trazer a felicidade da pessoa é que se afere sua atitude em relação à tecnologia.

Mas, como a tecnologia pode trazer felicidade ou infelicidade para uma pessoa?

Resposta: Bem, para saber isto, como dito, dependerá de um critério subjetivo da pessoa. Cada pessoa pode ter sua opinião sobre a tecnologia. A tecnologia pode trazer a felicidade, por exemplo, proporcionando saúde, lazer, repouso e educação. Ou, senão, a pessoa pode ter a sensação reversa, que a tecnologia traz justamente o contrário.

Como que a tecnologia pode trazer para o mesmo fato sensações positivas ou negativas? Não deveriam ser iguais?

Resposta: Não há um critério único ou ideal da tecnologia ou seu uso. Da mesma maneira, não há pessoas completamente tecnófilos, isto é, amantes incondicionais da tecnologia, ou pessoas completamente tecnofóbicas, que possuem aversão total à tecnologia. Posto isto, nos extremos, existem pessoas que amam a tecnologia, mas entendem que deve haver um freio, e, de outro lado, pessoas que odeiam a tecnologia, mas reconhecem que, em algum momento, ela é necessária. Tudo isto será construído conforme as circunstâncias que permeiam a realidade vivida.

Ora, se existem extremos, devo presumir que o ponto médio seria a solução ideal, certo?

Resposta: Não necessariamente. Embora tenhamos supedâneo na filosofia de Aristóteles, não é possível aplicar o conceito de termo médio ou justa medida. Não há que se falar em vícios ou virtudes pelo fato de amar ou odiar a tecnologia. O que existe é saber utilizá-la de maneira ética, com princípios. Podemos aplicar o meio-termo aristotélico ao dizer que a pessoa não pode ter dependência excessiva da tecnologia ou ser completamente afastado dela – a justa medida seria o uso consciente, saudável e ético, pautado pelo bem-estar social.

Dr. Rubens Luiz Schmidt Rodrigues Massaro
Advogado, professor e mestre em direito.

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