• 22 de dezembro de 2024

Parque de Trote, um espaço para todos

Fotos: Reprodução/Internet

Localizado na Vila Guilherme, Zona Norte de São Paulo, na Av. Nadir Dias Figueiredo, s/n° (Portaria 1) e Rua Quirino, 905 (Portaria 2), o Parque Vila Guilherme ou ainda; Parque do Trote ocupa uma área de 187 mil metros quadrados, onde era o antigo Club Hypico implantado em 1937.

No local, foram construídas cocheiras, arquibancadas, bilheterias, uma pista para salto e um picadeiro fechado. Após a morte do proprietário em 1944, seus descendentes decidiram vender a propriedade à Sociedade Paulista de Trote.

Nas décadas de 1950 e 1960, o local era frequentado pela elite paulistana e praticantes do trote (hipismo), sendo também uma forma de lazer e diversão para os moradores do bairro. Em meados da década de 1980, o público começou a diminuir e as atividades foram finalizadas. Com a administração do então prefeito Jânio Quadros, em 1986, a parte sul da Sociedade Paulista do Trote transformou-se no Parque Vila Guilherme.

Em 2005, a área passou para a Prefeitura de São Paulo, que no mesmo ano iniciou as obras para integração da área restante da Sociedade Paulista do Trote com o Parque Vila Guilherme, formando o novo Parque do Trote. Tombado como patrimônio histórico da cidade de São Paulo em 2012, o parque possui pista de corrida, pista de cooper, ciclovia, playground, bebedouros, quadras poliesportivas e sanitários. A flora do parque conta com área ajardinada e arborizada. Por estar encostado no Parque Vila Guilherme, ambos são tratados pela população como um parque só, conhecido como Parque Vila Guilherme – Trote (PVGT), totalizando uma área verde de aproximadamente 185.000m².

O começo: Club Hypico
Com uma área total de 120.000 m2, a história do Parque do Trote inicia-se com a compra de uma chácara no local adquirida em 1912 pelo comerciante de origem alemã Guilherme Praun da Silva e vendida por parte do Barão de Ramalho e de sua filha Joaquina Ramalho Pinto de Castro, que empresta o nome a uma das ruas próximas ao local. Na época, Guilherme havia adquirido uma área de cerca de 115 alqueires de terra, distância que ia do rio Tietê até a estrada da Bela Vista. O próprio Guilherme Pauns batizou as ruas do loteamento, homenageando parentes e conhecidos.

A porção mais alta da propriedade, mais fácil de ser ocupada, foi loteada. Na parte inundável, junto ao Rio Tietê, Guilherme Praun construiu cocheiras, arquibancadas, bilheterias, uma pista para saltos, um salão para conferências e um picadeiro fechando, inaugurando o antigo Club Hypico da Vila Guilherme em 1937.

Sociedade Paulista do Trote (SPT)
Após a morte de Guilherme Praun em 1944, seus descendentes decidiram pela venda da propriedade à Sociedade Paulista de Trote, que adaptou as construções existentes e implantou uma pista oficial destinada às corridas de trote. Os páreos tornaram-se oficias em 1947, a partir do registro no Ministério da Agricultura, sendo este o ano inicial das corridas de trote no Brasil. As cores escolhidas para compor o pavilhão da SPT foram o branco e o azul claro, as mesmas usadas nas construções do hipódromo.

A Sociedade Paulista de Trote marcou época, tornando-se importante na história da Vila Guilherme. Seus moradores tinham facilidade para frequentar os páreos. Além disso, o salão de festas da SPT era alugado para a realização de bailes, casamentos e aniversários. Diferentemente do Jockey Club de São Paulo, instituição que tradicionalmente era visitada por pessoas da elite paulistana, a SPT foi fundada e dirigida por entregadores de mercadorias e vendedores ambulantes.

A importância da Sociedade Paulista do Trote para a cidade foi tamanha que quatro anos após sua inauguração, em 1948, foi declarada de utilidade pública pelo governador Adhemar de Barros, com base em projeto do deputado César Lacerda Vergueiro. Nas décadas de 1950 e 1960, o local passou a ser frequentado pela elite paulistana, que costumava realizar apostas no local. Os resultados dos páreos eram divulgados em importantes jornais, como A Gazeta Esportiva.

Crise e Parque Vila Guilherme
Em meados da década de 1970, o público da Sociedade Paulista de Trote começou a diminuir. Tentando sobreviver à crise financeira, a SPT optou por vender parcela do terreno para a Rádio Tupi, que instalou no local uma antena de transmissão. O dinheiro ganho com a venda à rádio foi utilizado para pagamento de dívidas com os empregados. A crise, porém, continuou.

Entre os anos 1970 e 1980, com a ampliação da oferta de jogos no mercado, as corridas de cavalos perderam os apostadores. Com isso, em 1986, durante a administração do então prefeito Jânio Quadros, uma ação de desapropriação teve início por iniciativa do vereador Gabriel Ortega, em atenção à mobilização da população da Vila Guilherme.

O projeto do vereador previa a transformação da área ocupada pela Sociedade Paulista de Trote em um grande parque municipal, uma espécie de Ibirapuera da Zona Norte. Em 1991, o Executivo Municipal recebeu autorização para efetivar a desapropriação de parte do terreno da Sociedade Paulista do Trote e criar o Parque Vila Guilherme, única área pública de lazer existente no bairro, com entrada pela Rua São Quirino.

Processo de tombamento e Parque do Trote
Em 2004, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (CONPRESP) abriu o processo de tombamento da área que pertenceu à sede da Sociedade Paulista de Trote e seus remanescentes.

No ano seguinte, técnicos do Departamento de Parques e Áreas Verdes, da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo, com a colaboração de técnicos do Departamento do Patrimônio Histórico, da Secretaria Municipal de Cultural, começaram a elaborar um projeto de criação do Parque do Trote, formado pela junção da área restante da Sociedade Paulista do Trote com a área do Parque Vila Guilherme. Na época, as obras foram estimadas em aproximadamente R$ 1,8 milhão, mais custos de manutenção.

Porém, durante esse processo, os professores de Equoterapia e os donos dos cavalos presentes no local solicitaram à Prefeitura uma autorização para que os animais continuassem no local. Em novembro de 2005, os cavalos foram levados para o Jockey Clube de São Vicente e a SPT retirou-se do local. Com o cuidado de preservar as características originais da SPT, em julho de 2006, o Parque do Trote é inaugurado, mantendo a pista de corrida e sendo o primeiro parque dirigido a deficientes físicos da cidade de São Paulo. Em 2012, com decisão unânime dos conselheiros presentes, a área foi tombada e identificada como patrimônio ambiental, cultural e urbano da cidade de São Paulo.

Hoje o espaço conta com churrasqueiras, aparelhos de ginástica (barras, tábuas e pesos), pista de Cooper, ciclovia, playgrounds, canteiros com flores, duas pistas para caminhada, bicicletários, sanitários, hortas e uma trilha sensorial para deficientes visuais, onde por meio dos sentidos (olfato, tato e audição) esses deficientes tem a possibilidade de interagir e conhecer o ambiente do parque. Há lixeiras para separação de lixo reciclável e área de compostagem. As dependências do parque são acessíveis a portadores de necessidades especiais, crianças e idosos. A entrada de animais domésticos é permitida, porém, para os cães mais bravos, é necessário o uso de guias e focinheiras.

A vegetação atual é marcada por jardins e árvores esparsas, destacando plantas como mangueira, tipuana, cinamomo, paineira, pitangueira e jatobá. O parque conta também com a Trilha dos Sentidos que permite a apreciação e o reconhecimento de alguns vegetais através do tato, olfato e visão.

A fauna é bem diversificada, abrigando 45 espécies de animais, sendo 34 de aves e o restante de borboletas. Dentre as aves destacam-se os bem-te-vis, quero-quero, tico-tico e pica-pau-do-campo. E para abrilhantar ainda mais o passeio dos usuários do parque, não se pode deixar de mencionar a borboleta rainha de asas alaranjadas com bolinhas pretas.

Com a ajuda de voluntários, o parque oferece atividades como: Capoeira, Muay Thai, Zumba e até mesmo curso de fotografia. Além disso, algumas escolas realizam agendamento para a visitação do parque para que, além de apreciar a fauna e a flora do local, as crianças e adolescentes também realizem algumas atividades de educação ambiental.

Serviço:
Parque do Trote
Horário de funcionamento:
5h30 às 20h (Portaria 1) e 5h30 às 18h (Portaria 2)
Telefone: (11) 2905-0165
Localização: Av. Nadir Dias Figueiredo, s/n° (Portaria 1) e Rua Quirino, 905 (Portaria 2), Vila Guilherme
Estacionamento: Não há estacionamento para veículos no interior do parque, mas se pode estacionar com facilidade na Rua São Quirino, onde está a Portaria 2. Em frente à portaria (1) da Rua Nadir Dias Figueiredo existem vagas para veículos de deficientes.

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