Silvana Por: Marcelo Segredo – Consultor especialista em ataque às dívidas
O endividamento com cartão de crédito tem se tornado um dos maiores desafios financeiros dos brasileiros. Durante décadas, os juros cobrados ultrapassaram 400% ao ano, configurando uma verdadeira agiotagem institucionalizada que favorece o sistema bancário. O cartão de crédito continua sendo o inimigo número um das finanças das famílias brasileiras.
Juros limitados a 100% ao ano – para quem realmente vale?
A regulamentação que limita os juros do cartão de crédito a 100% ao ano foi aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e entrou em vigor em 2 de janeiro de 2024, conforme previsto na Lei 14.690/2023.
No entanto, essa limitação se aplica apenas a novas operações. Dívidas já existentes no crédito rotativo continuam sujeitas aos juros antigos, o que mantém muitos consumidores presos a cobranças abusivas.
O Congresso aprovou essa medida em outubro de 2023, dentro do projeto que criou o programa Desenrola. A legislação determinou que o setor financeiro deveria submeter ao CMN uma proposta para definir limites para essas cobranças. Caso isso não acontecesse dentro de 90 dias, automaticamente passaria a valer o teto de 100% ao ano.
Na prática, a situação ainda é confusa. Muitos cartões continuam aplicando juros superiores ao limite estabelecido, enquanto consumidores desinformados seguem renegociando dívidas e pagando encargos abusivos. Poucos conhecem estratégias eficazes para liquidar débitos com descontos de até 95% do saldo devedor, sem necessidade de ação judicial.
Portabilidade de crédito
Com essa nova regulamentação, também foram introduzidas regras para a portabilidade do saldo devedor da fatura do cartão entre instituições financeiras. Essa medida tem potencial para aumentar a concorrência entre bancos e reduzir os juros.
A portabilidade deve abranger tanto dívidas do crédito rotativo quanto parcelamentos do cartão, e sua operação será gratuita para o consumidor.
5 passos para sair das dívidas do cartão de crédito e evitar novos parcelamentos
- Não parcele a fatura do cartão
Muitas pessoas enxergam o parcelamento da fatura como uma solução imediata, mas essa prática pode ser extremamente perigosa. Os juros do crédito rotativo são os mais altos do mercado, e optar pelo parcelamento pode multiplicar sua dívida rapidamente.
O ideal é sempre pagar o valor total da fatura. Caso não consiga, suspenda temporariamente os pagamentos, crie um fundo para quitar a dívida e aguarde uma proposta de desconto do banco. Muitas vezes, é possível renegociar o débito com taxas bem menores.
De acordo com a Lei do Superendividamento, os bancos têm responsabilidade sobre a concessão de crédito e devem alertar o consumidor sobre os riscos do endividamento e o impacto na sua subsistência financeira.
- Fuja das compras parceladas
O parcelamento pode dar a falsa sensação de maior poder de compra, mas, a longo prazo, compromete sua renda e dificulta o controle financeiro. Pequenos gastos parcelados podem se transformar em uma bola de neve.
A melhor estratégia é planejar suas compras e pagar à vista sempre que possível. Além de evitar juros, essa prática pode garantir descontos vantajosos.
- Priorize a criação de uma reserva financeira
Para evitar recorrer ao crédito em momentos de emergência, é essencial ter uma reserva financeira. O ideal é destinar, no mínimo, 10% do salário todos os meses para uma conta exclusiva para emergências.
Com essa reserva, você se protege contra imprevistos sem precisar recorrer ao cartão de crédito ou a empréstimos.
- Adote hábitos de consumo consciente
Antes de qualquer compra, pergunte-se: “Eu realmente preciso disso agora?” O consumo impulsivo é um dos maiores responsáveis pelo endividamento excessivo.
Além disso, mantenha um orçamento mensal detalhado, estabelecendo limites para cada tipo de gasto. Aplicativos de controle financeiro podem ser grandes aliados na gestão do dinheiro.
- Busque renda extra para acelerar a quitação das dívidas
Se sua renda atual não permite quitar as dívidas rapidamente, considere alternativas para aumentar seus ganhos. Trabalhos freelance, venda de produtos e monetização de habilidades podem gerar uma renda extra valiosa e ajudar na eliminação das dívidas com maior rapidez.
Conclusão
Sair das dívidas do cartão de crédito e conquistar uma vida financeira equilibrada exige mudanças de hábitos e disciplina. Evitar parcelamentos, priorizar pagamentos à vista e reservar parte da renda para emergências são medidas essenciais para evitar novas armadilhas financeiras.
O segredo está no planejamento e na educação financeira. Com isso, você assume o controle do seu dinheiro e garante uma vida mais tranquila.
Para mais informações sobre como organizar sua vida financeira:
Marcelo Segredo
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