• 30 de junho de 2024

Uma odisseia pela América do Sul ancestral

Foto: Divulgação

Em “Crônicas de Ruamu”, Giuliano Andreoli compõe um universo épico com raízes latinas para dialogar sobre violência, racismo, dogmatismo religioso e outras mazelas das civilizações

 

Quais histórias guardam as antigas civilizações que habitaram as terras sul-americanas há dezenas de milênios? Em Crônicas de Ruamu – O destino de Eneim, o escritor e professor universitário Giuliano Andreoli estimula a imaginação do leitor ao combinar ficção –batalhas épicas e mistérios ancestrais –, com geografia, cultura e espiritualidade típicos da América Meridional. Temáticas como violência e outros problemas sociais complementam o enredo para aproximar um passado aparentemente distante da contemporaneidade.

A trama se desenrola com a destemida vidente Lagnicté, uma mulher destinada a governar, que tem a vida entrelaçada à de Narsciti, um corajoso capitão da Guarda Prateada de Eneim. Juntos, eles enfrentam a ameaça de invasão ao continente de Ruamu, e precisam contar com a ajuda de aliados improváveis para impedir que seu povo seja escravizado pelo opressor e segregador império de Schwertha. À medida que desvendam segredos milenares sobre a história da humanidade, os protagonistas terão crenças, ideologias e valores abalados.

Alguns relatos diziam que a nação de Schwertha era governada por
entidades sobre-humanas ou que seu povo era governado por uma
poderosa bruxaria. Outros diziam que ela o era apenas por reis cruéis,
sádicos e decadentes. Mas todos, sem exceção, diziam que, há cerca de
trinta anos ou mais, os huiracochas, um dos povos que habitam o continente
de Mu, passaram a adorar uma nova religião. E que esse novo culto
radical pregava uma forma extremada de racismo. Assim, a busca por um
tipo de “purificação”, tanto dentro quanto fora do seu continente, os levara
a adotar uma política.
(Crônicas de Ruamu – O destino de Eneim, p. 72)

Dividido em quatro partes, 63 capítulos e um epílogo compõem esta trama de alta fantasia que transcende e desconstrói as referências de literatura eurocêntricas. Os castelos e dragões dão vez a pirâmides, construções de pedra, fortes guerreiros, deuses poderosos. Mapas com a disposição de países e do continente de Ruamu, logo nas primeiras páginas, conectam o leitor com a ambientação antiga, muito antes dos povos pré-colombianos.

Com influências que vão desde a cosmovisão da Teosofia até mitos das cidades perdidas da Amazônia, Giuliano Andreoli espalha alegorias nas entrelinhas. A exemplo dos invasores de Ruamu que pregam a superioridade de raça – em referência ao nazismo –, e do nome desta nação opressora, “Schwertha”: uma alusão à obra “Crônicas de Akakor”, parte do imaginário colonial que divulgou a ideia de povos de raça branca construindo civilizações avançadas no passado remoto da América do Sul.

Desta forma, o autor vai além do entretenimento para lançar luz sobre questões como a luta contra o dogmatismo religioso, combate à violência feminina e ao racismo, o resgate da sabedoria ancestral e a importância de conhecer a própria história e não repetir erros do passado. “O livro é, sobretudo, uma representação dos problemas que trazemos no interior da nossa civilização e com os quais nós temos de lidar”, explica o autor.

FICHA TÉCNICA
Título: Crônicas de Ruamu
Subtítulo: O Destino de Eneim
Autor: Giuliano Andreoli
Editora: Viseu
ISBN: 978-65-25404-49-3
Formato: 16 x 23 cm
Páginas: 705
Preço: R$ 117,70 (livro físico) | R$ 9,90 (e-book)
Onde comprar: Amazon

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