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Foto: Keenan Constance/Pexels-Creative Commons
Condição conhecida como “depressão sazonal” tem relação com a ausência de luz solar e diagnóstico precisa ser feito por profissional especializado em saúde mental
O inverno costuma ser uma estação de maior introspecção em comparação com as demais. O tempo mais frio, os dias mais curtos, a menor exposição ao sol e a realização de mais atividades em locais fechados do que ao ar livre acabam contribuindo para que o inverno tenha uma visão de estação mais triste, principalmente quando a comparação é com a primavera e o verão.
Porém, em alguns casos, este quadro pode ser mais do que uma simples melancolia, mas um distúrbio mais sério, conhecido como Transtorno Afetivo Sazonal (TAS), popularmente chamado de depressão sazonal. Contudo, diferenciar uma variação de humor ocasionada pela queda de temperatura do TAS pode ser uma tarefa relativamente difícil.
Depressão sazonal x tristeza sazonal
De acordo com Marina Bueno, psicóloga e cadastrada no GetNinjas, maior aplicativo para contratação de serviços do Brasil, a tristeza sazonal tem sintomas leves a moderados, que não chegam a durar mais que duas semanas, sem interferir na capacidade das pessoas de realizar suas atividades diárias. “A maior diferença entre a tristeza sazonal comum e transtornos sazonais mais sérios está na intensidade dos sintomas, além da duração e do impacto na rotina das pessoas”, explica a profissional.
Pessoas com TAS apresentam sintomas mais intensos e duradouros, que, frequentemente, chegam a durar meses. “Além de uma melancolia profunda, as pessoas com TAS também apresentam uma fadiga excessiva, alterações de sono, humor e apetite, perda de prazer e interesse na realização de atividades do dia-a-dia, dificuldade de concentração e de socialização”, detalha a psicóloga.
Esses sintomas também diferem sensivelmente de quadros depressivos tradicionais, principalmente por conta do padrão sazonal específico que seguem. Os sinais do TAS aparecem sempre em um período específico e previsível do ano, que, em geral, ocorre entre o final do outono e o início do inverno, assim como desaparecem com a mesma previsibilidade, entre os dias finais do inverno e o início da primavera.
O que mais pode causar a depressão sazonal?
A depressão sazonal pode ser desencadeada por uma série de fatores, que vão desde a baixa exposição à luz solar, passando pelo ambiente e estilo de vida adotados pelo paciente e chega até a fatores genéticos. “Variantes genéticas que afetam a regulação dos neurotransmissores e do ritmo circadiano podem aumentar a vulnerabilidade ao Transtorno Afetivo Sazonal”, pontua a profissional.
Uma rotina com alto nível de estresse, poucas horas de sono e o sedentarismo também podem ser fatores de risco para o desenvolvimento do TAS. De acordo com Marina Bueno, a interação complexa entre genética, ambiente e cultura molda a experiência individual da depressão sazonal.
Falta de luz solar agrava o quadro
Um fator que pode desencadear a depressão sazonal é a falta de exposição à luz solar, decorrente dos dias mais cinzas da estação mais fria do ano. A falta de luz solar afeta uma série de mecanismos responsáveis pela produção de hormônios, neurotransmissores e também altera o ritmo circadiano (variações biológicas que ocorrem no organismo no decorrer de um período de 24 horas).
Por ser um período mais escuro, o inverno também altera a produção de melatonina, o hormônio responsável pela regulação do sono, que tem uma produção maior. Em contrapartida, a produção de serotonina, neurotransmissor responsável pelo humor, acaba sendo menor.
“Essas alterações podem desregular o ciclo sono-vigília e contribuir para sentimentos de depressão”, defende Marina Bueno. “Compreender essa dinâmica na produção de hormônios e neurotransmissores é algo muito importante no momento de desenhar estratégias de prevenção e tratamento do Transtorno Afetivo Sazonal”, pontua.
Segundo a profissional, o tratamento deve ser sempre desenhado por um profissional de saúde mental e após o diagnóstico adequado da condição do paciente. “A combinação de fototerapia, medicação, psicoterapia, e mudanças no estilo de vida pode proporcionar um alívio significativo dos sintomas da depressão sazonal”, explica Bueno.
Prevenção e tratamento
No que diz respeito à prevenção, existem diversas medidas que podem auxiliar os pacientes, como passar mais tempo ao ar livre durante o dia, mesmo nos meses de inverno, isso pode maximizar a exposição à luz solar natural, o que ajuda a regular os padrões de sono e humor. Para quem não tem essa possibilidade, por conta da rotina de trabalho, por exemplo, uma opção pode ser a fototerapia.
“Manter uma rotina regular, incluindo horários consistentes de sono, alimentação saudável e exercício regular, também desempenha um papel importante na prevenção do Transtorno Afetivo Sazonal”, recomenda Marina Bueno. “Estratégias de gerenciamento do estresse, como práticas de relaxamento e buscar apoio social, como a psicoterapia, ou terapia ocupacional são fundamentais para promover o bem-estar emocional”, conclui a especialista.
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