• 19 de maio de 2024

Coletivo dos Anjos apresenta “A Fuzarca dos Descalços” no Teatro Alfredo Mesquita

Foto: Amanda Barreto

O espetáculo é livremente inspirado em ‘Esperando Godot’ e cria reflexões sobre as contradições sociais e raciais brasileiras

 

Tendo como ponto de partida a premissa proposta pelo dramaturgo irlandês Samuel Beckett em Esperando Godot, o Coletivo dos Anjos cria uma série de reflexões sobre as lutas das pessoas pretas e as contradições sociais e raciais brasileiras em A Fuzarca dos Descalços

Com direção de Aysha Nascimento e a dramaturgia assinada por Victor Nóvoa, o trabalho foi idealizado por Eder dos Anjos, que está em cena ao lado de Salloma Salomão e dos músicos Ito Alves e Juh Vieira, que tocam ao vivo a trilha sonora em diálogo constante com a dramaturgia.

O projeto foi selecionado no 24º Cultura Inglesa Festival para sua criação em 2019, agora retorna a cena circulando pela Cidade de São Paulo, em apresentações gratuitas, através da 17ª Edição do Prêmio Zé Renato.

O espetáculo gratuito estreia no Teatro Alfredo Mesquita nos dias 24 e 25 de fevereiro.

Na trama, Atsu e Baakir estão do outro lado da cerca. Eles não sabem se estão presos ou do lado de fora, apartados de um mundo ao qual não têm nenhum acesso. Ambos são corpos marginalizados que compartilham sonhos, cicatrizes e dores. Mesmo nas situações mais violentas e oníricas, eles permanecem juntos, tentando compreender e romper com tudo aquilo que os segrega da sociedade.

A peça é apenas livremente inspirada na obra de Beckett, já que tem como proposta romper com o pensamento niilista do pós-guerra ocidental, fortemente presente no texto original. Para isso, a nova dramaturgia problematiza essa questão da espera, partindo da premissa de que a população negra não tem esse privilégio de aguardar por algo inalcançável.

À medida que coloca em cena dois personagens masculinos de idades bem diferentes, A Fuzarca dos Descalços também trata da questão da afetividade negra e da importância da polifonia na construção de um novo processo de humanização desses corpos. “A encenação vai trazer o lugar do amor, em que dois homens possam ter um diálogo e uma reflexão sobre o afeto, possam ser afetuosos um com o outro para além da sua sexualidade. E, para falar sobre essa questão da masculinidade negra, uma referência muito importante para mim foi o livro Representação e Raça, da Bell Hooks”, conta Aysha.

Outros temas discutidos pelo espetáculo são as possibilidades de reconstrução dos povos negros, as relações sociais que se estabelecem com a negritude e como as pessoas precisam construir juntas uma nova nação. E, para acentuar esse efeito de empatia e espelhamento no público, os espectadores precisam tirar os sapatos ao entrar na apresentação e ficar descalços, tal como os personagens. E os calçados da plateia também são ressignificados de diversas formas ao longo da montagem.

Serviço:
Teatro Alfredo Mesquita
Dias 24 e 25 de fevereiro de 2024
Sábado, às 21h e domingo, às 19h,
Av. Santos Dumont, 1770 – Santana, São Paulo
Telefone: (11) 2221-3657
Ingressos: Gratuito, com retirada de ingressos na bilheteria 1 hora antes do espetáculo.

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