• 27 de abril de 2024

 Nunca é cedo ou tarde demais: Um novo relatório desmistifica a forma como pode reduzir o risco de demência

Foto: Reprodução/unale.org.br

O dia 21 de setembro é dedicado ao Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Alzheimer
Somente em 2023, quase 50.000 histórias foram publicadas em todo o mundo com referência a demência e dieta. Nelas, destaca-se as dificuldades que as pessoas enfrentam ao tentar descobrir como reduzir o risco de demência, afirmam a Federação Brasileira das Associações de Alzheimer (Febraz) e a Alzheimer’s Disease International (ADI).

A Febraz, a associação de demência que opera no Brasil e a ADI, a federação internacional de mais de 100 associações nacionais de Alzheimer, afirmam que, embora seja importante cobrir os desenvolvimentos mais recentes da pesquisa, o grande volume de histórias, muitas vezes sem contexto, torna incrivelmente difícil fazer mudanças no estilo de vida.
“Quase 200 histórias são publicadas sobre dietas para demência todos os dias, apontando para as pesquisas mais recentes, que vão de mirtilos a champanhe. A realidade é que a conversa é muito mais matizada do que isso”, diz Paola Barbarino, CEO da ADI.

“Quantos mirtilos, por quanto tempo e quando começar? O álcool é geralmente ruim para a saúde do cérebro ou os benefícios do consumo moderado e sociável superam os negativos? Pode ser confuso para o público entender e fazer escolhas claras para ajudar a gerenciar seus riscos”, continua Barbarino.

O World Alzheimer’s Report 2023, intitulado Reducing dementia risk: never too early, never too late (Reduzindo o risco de demência: nunca cedo demais, nunca tarde demais), lançado hoje, concentra-se na redução do risco de demência como uma prática, não como uma teoria. O relatório baseia-se em percepções de aproximadamente 90 pesquisadores de alto nível, profissionais de saúde, formuladores de políticas, pessoas que vivem com demência e cuidadores informais, para ajudar os leitores a entender o risco de demência de uma forma holística e fácil de ler.

Em 2020, a The Lancet elaborou uma lista de 12 fatores de risco de demência comprovadamente modificáveis (tabagismo, inatividade física, consumo excessivo de álcool, poluição do ar, traumatismo craniano, contato social infrequente, baixa escolaridade, obesidade, hipertensão, diabetes, depressão e deficiência auditiva). Se combatidos, poderiam atrasar, retardar a progressão ou prevenir até 40% dos casos de demência em todo o mundo.

A Febraz explica que sistemas robustos de suporte após o diagnóstico podem permitir que governos e sistemas de saúde ofereçam um melhor apoio às pessoas que vivem com Alzheimer ou outros tipos de demência. A implantação dos mecanismos pode resultar em economias de custos pela redução de hospitalizações.

“É fundamental compreender que a demência não faz parte do processo normal de envelhecimento. Portanto, ao longo do mês de setembro, o objetivo das associações é aumentar a conscientização e eliminar os estigmas associados a essa condição. É de extrema importância nos unirmos para destacar o papel do sistema de saúde pública no cuidado da demência. No Brasil, a falta de acesso a diagnóstico e suporte, tanto para as famílias quanto para as pessoas com demência, é evidente. Assim, aprovar e implementar o plano nacional de demência assume uma importância crucial, visto que permitirá a introdução de cuidado integral em todas as fases, desde o diagnóstico até o tratamento, incluindo apoio às famílias e promoção da inclusão social”, ressalta Elaine Mateus, presidente da Febraz.

Pesquisas mostram que as pessoas podem desenvolver demência décadas antes de os sintomas se tornarem aparentes. No entanto, a redução da exposição a fatores de risco, tanto antes quanto depois do diagnóstico, pode atrasar, retardar a progressão ou até mesmo evitar casos projetados de demência.

A cada três segundos, alguém desenvolve demência. Atualmente, estima-se que 55 milhões de pessoas em todo o mundo vivam com essa condição neurológica, que dois terços das pessoas ainda acreditam erroneamente ser uma parte normal do envelhecimento.

A redução do risco pós-diagnóstico também pode ajudar a retardar a progressão da demência em indivíduos que já vivem com um diagnóstico. Portanto, é imperativo que as informações e as orientações sejam claras e compreensíveis, e que as mudanças no estilo de vida sejam acessíveis e econômicas para todos.
“A redução de riscos não termina com o diagnóstico”, diz Emily Ong, que vive com demência em Cingapura.

“Imediatamente procurei orientação sobre nutrição e maneiras de retardar a progressão e continuar a viver bem. A cozinha é o coração da minha casa e eu adoro cozinhar, então adaptei receitas, cozinho mais com a família e introduzi equipamentos de cozinha mais amigáveis à demência, como chaleiras transparentes.”

Entendendo e adaptando a pesquisa regionalmente
Embora as histórias sobre ingredientes milagrosos para a demência representem uma falta de nuance, as considerações regionais também costumam ser uma peça do quebra-cabeça que falta.
Frequentemente anunciadas como as dietas que salvam a saúde do cérebro, as diretrizes nutricionais recomendadas, como as dietas mediterrânea ou MIND, não capturam os produtos disponíveis na região e as considerações culturais.

Desenvolvimento de medicamentos
Apesar dos recentes avanços nos medicamentos que modificam a doença, que deram esperança a muitas pessoas em todo o mundo de que é possível estar cada vez mais perto de encontrar a cura, ainda é distante a meta de tratamentos globais acessíveis e baratos para todos os tipos de demência.
A mensagem da ADI é clara: assumir a responsabilidade, sempre que possível, pelos 12 fatores de risco modificáveis da demência para gerenciar o próprio risco pessoal de demência e defender a intervenção governamental quando as mudanças de comportamento individuais não forem suficientes.
“Nunca é cedo demais e nunca é tarde demais para tomar medidas para reduzir seu risco pessoal de demência”, diz Barbarino. “A redução do risco é um esforço para toda a vida e é mais eficaz quando a conscientização e a compreensão da saúde do cérebro começam em uma idade jovem e continuam após o diagnóstico.”

 

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